2015 ainda não acabou. Pelo menos no que diz respeito à economia, boa parte dos problemas que afligiram os consumidores no ano passado vai se estender pelos 12 meses de 2016.
Mas com planejamento, é possível passar pelo ano com tranquilidade e inclusive começar a investir. A Folha reúne abaixo algumas dicas de como se preparar para esses tempos turbulentos. Confira.
O ano já começa sob o signo de juros mais altos. Em sua primeira reunião de 2016 —nos dias 19 e 20—, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) deve elevar a taxa básica Selic em 0,50 ponto percentual, para 14,75% ao ano.
Como reflexo, o crédito fica mais caro e o consumo diminui, ajudando a controlar a inflação. O efeito negativo é sentido por quem precisa tomar um empréstimo, que terá prestações mais caras.
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Apesar do esforço do BC, a inflação ainda deve estar em dois dígitos no Carnaval. Viajar ficará mais caro e vai exigir mais planejamento, e o consumidor terá que tomar cuidado adicional para não extrapolar os gastos, principalmente considerando que os principais artigos da folia também estarão mais salgados.
Passar o Carnaval em casa pode ser uma opção. Blocos de rua gratuitos podem garantir animação sem prejudicar as finanças. Se levar bebida e comida de casa, o bolso agradece mais ainda.
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Outra preocupação deve ser manter um colchão de emergência, porque o desemprego baterá à porta de mais famílias no primeiro trimestre, segundo a projeção de especialistas. Essa reserva financeira deve ser de seis a oito meses da renda familiar, para garantir tranquilidade até que o trabalhador encontre nova fonte de renda.
Só não é recomendado colocar todo o dinheiro na poupança: depois de perder para a inflação em 2015, a caderneta deve ter novo ano sem ganho real.
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O investidor encontra, na renda fixa, alternativas tão seguras quanto a poupança e com rentabilidade maior. O Tesouro Direto é uma delas e tem aplicação mínima de R$ 30. O mais indicado para 2016 é o Tesouro Selic, que segue a variação da taxa básica de juros. A liquidez é diária e, mesmo com a incidência de Imposto de Renda, o ganho é maior que o da caderneta.
Há boas opções também em CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), principalmente de instituições menores, que oferecem rentabilidade maior para atrair o investidor. A aplicação é assegurada até R$ 250 mil pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos) por CPF e por entidade. Assim como os títulos públicos, são tributados conforme tabela regressiva que começa com alíquotas em 22,5% —até 180 dias— que vão caindo gradativamente até alcançar 15% para aplicações acima de 720 dias.
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Ainda sobre Imposto de Renda, a medida provisória 694, se aprovada, prevê algumas mudanças importantes na tributação de investimentos. As letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA), hoje isentas, passariam a ter incidência de IR.
Pela proposta, a LCI (Letra de Crédito Imobiliário) terá alíquotas entre 10% e 17,5% também de acordo com o prazo. Para papéis do agronegócio (LCAs, CDAs, WAs, CDCAs, CRAs e CPRs), haverá alíquota única de 10%, sendo de 5% para títulos emitidos em 2016.
Aplicações atreladas ao CDI (juros de empréstimos entre instituições financeiras) ou à Selic teriam alíquota mais salgada que outras —de 22,5%, independentemente do prazo.
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Quem pensa em comprar um imóvel como investimento deve pensar duas vezes. A situação será bem diferente da vista nos anos de 2009 e 2010, quando a valorização anual chegava a 20%.
A crise fará com que os preços subam próximos à inflação. Mas quem estiver pensando em adquirir a casa própria tem boa chance de conseguir uma barganha, aproveitando que muitos proprietários podem precisar vender os imóveis para se capitalizar.
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Arrume um tempo para organizar as férias. A dica é planejar a viagem familiar, principalmente se for para o exterior. Fuja do cartão de crédito, que tem IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 6,38% —o mesmo do pré-pago, mas com o risco de oscilação cambial que pode elevar o valor da fatura no fechamento. Além disso, sempre vale a pena levar uma parte do dinheiro em espécie, aproveitando que o IOF cobrado é bem menor: 0,38%.
O consumidor deve lembrar também que o cartão de crédito tem a maior taxa de juros no mercado. Então, evite atrasar o pagamento ou parcelar a conta, sob o risco de ver os valores saltarem.
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Com as crises política e econômica de 2015, a moeda americana acumulou valorização de 49% no ano passado, fazendo com que os fundos cambiais liderassem ranking de investimentos acompanhado pela Folha.
Para este ano, as perspectivas continuam não sendo nada positivas para o dólar. De acordo com a pesquisa Focus, feita pelo BC com economistas, a moeda americana deve encerrar 2016 na casa de R$ 4,20 —no ano passado, fechou no patamar de R$ 3,95.
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Depois de acumular quedas nos últimos três anos, a Bolsa deve continuar instável e sujeita ao desenrolar das crises econômica e política em 2016. Petrobras e Vale, duas das principais companhias da Bovespa, seguem com perspectivas negativas para este ano.
Além da Operação Lava Jato, a petrolífera ainda tem que enfrentar a queda dos preços do petróleo —só em 2015, a commodity acumulou perda de cerca de 40%. Já a Vale tem que lidar ainda com os reflexos da tragédia em Mariana (MG) e com a desvalorização dos preços do minério de ferro —que passou de 38% em 2015.
Quanto ao resto das empresas, sem perspectiva de crescimento do país, elas terão dificuldade em entregar bons resultados, afetando a cotação de suas ações. A dica, então, é garimpar boas pagadoras de dividendos ou companhias com receita em dólar, como exportadoras. Por outro lado, importadoras ou empresas com dívida dolarizada devem ser evitadas.
Richard Drew/Associated Press | ||
Renegociação promete ser a palavra de 2016. Se tiver dívidas, converse com o credor e troque aquelas com juros maiores —como cartão de crédito e cheque especial— por empréstimo pessoal ou consignado, que têm taxas menores. Se a instituição financeira não estiver disposta a negociar, tente fazer a portabilidade da dívida —ou seja, migrá-la para outro banco.
Evite também novas dívidas. Organize seu orçamento e faça um raio-x dos gastos. Desta forma, é possível cortar o que for supérfluo, como idas frequentes a restaurantes ou ao cinema, e economizar para períodos financeiros mais conturbados.
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Sem dívidas e com uma reserva de emergência, é possível planejar o uso do 13º salário. Essa renda extra deve ser reservada para gastos de início de ano, como IPVA (imposto de veículos) e IPTU (imóveis), e também para o Natal. Uma dica é começar a comprar os presentes com antecedência, o que permite adquirir itens mais baratos e barganhar preços.
Vale também pegar esse dinheiro e aplicar, aproveitando as altas taxas de juros na renda fixa. Desta forma, é possível formar patrimônio mesmo em um ano adverso.
Eduardo Anizelli/Folhapress | ||
Tire seus sonhos do papel. Anote os planos de curto, médio e longo prazos que você quer concretizar. Fica mais fácil guardar dinheiro para atingir esses objetivos.
Inclua a aposentadoria nesses projetos. Vale aplicar a segunda parcela do 13º salário em um plano de previdência privada do tipo PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), aproveitando benefício fiscal —abatimento de até 12% da renda bruta tributável na declaração anual de IR.
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Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/asmais/2016/01/1725251-como-sobreviver-a-2016.shtml
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